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Vacinação de bebês contra a Covid-19: vale a pena? Quais os efeitos colaterais? Quando deve começar?

Confira a seguir a opinião do médico e imunologista Antônio Condino-Neto, diretor da IMMUNOGENIC, sobre vacinação de bebês contra a COVID-19.


Há algumas semanas, os Estados Unidos se tornaram o primeiro país do mundo a vacinar bebês a partir de seis meses contra a Covid-19. As vacinas estão sendo aplicadas em uma dosagem menor do que é dada aos adultos, seguindo também um calendário de vacinação. O imunizante da farmacêutica Pfizer/BioNTech será aplicado em três doses ao longo de 11 semanas, e o da Moderna, em duas doses ao longo de quatro semanas.


O Brasil segue sem perspectiva de quando essa faixa etária será vacinada. De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que estes avaliam os imunizantes que podem ser usados no país. No entanto, vale destacar que as possíveis reações dos bebês com a vacina são uma leve dor local e febre moderada, que podem ser resolvidas com analgésicos e antitérmicos.


Quando um bebê é contaminado pela Covid-19, os sintomas são semelhantes aos dos adultos, como febre, mal estar, vômito, tosse, falta de ar e diarreia. Porém, pelo fato de serem vulneráveis, a doença pode ser ainda mais perigosa. Em caso de agravamento do quadro, os pais ou responsáveis devem procurar um hospital, visando possível internação, devido às complicações cardíacas, vasculares, pulmonares e neurológicas.


A meu ver, diante desse cenário de fragilidade dos bebês ao contrair o vírus, a decisão tomada pelos Estados Unidos foi totalmente correta e necessária para proteger as crianças contra as possíveis complicações da Covid-19, incluindo a síndrome inflamatória multissistêmica, grave e potencialmente fatal.


Visto isso, acredito que a vacinação dos bebês no Brasil não deve demorar muito tempo, podendo acontecer dentro do período de até três meses. A mortalidade infantil em razão do coronavírus é bastante significativa e precisamos vacinar nossas crianças para interromper este ciclo de adoecimento.


É de extrema importância que os demais países também comecem a vacinação dos bebês a partir de seis meses em breve para que, desta forma, a imunização possa abranger todas as faixas etárias e proteger a comunidade. Afinal, se a decisão tivesse sido tomada antes, muito provavelmente teria sido possível evitar mortes e sequelas de milhares de crianças.



Antonio Condino-Neto, médico e pesquisador, é sócio-fundador da Immunogenic, primeiro laboratório especializado em triagem neonatal dos Erros Inatos da Imunidade por meio do teste do pezinho. Condino-Neto fez pós-doutorado em Medicina molecular na Universidade de Massachusetts, é PhD em Farmacologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), no qual foi Professor Titular e coordenador do Laboratório de Imunologia Humana. O especialista é livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Com mais de 35 anos de experiência, Condino-Neto atua, ainda, como Diretor na Fundação Jeffrey Modell São Paulo, instituição americana voltada para o conhecimento das Imunodeficiências Primárias, e é membro do Comitê de Erros Inatos da Imunidade (EII) da Academia Americana de Asma Alergia e Imunologia.


Originalmente publicado na Revista Visão Hospitalar

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